Você já parou pra pensar que horas que a felicidade vai chegar na sua vida? De que forma que ela vai entrar? Numa grande conquista, num grande momento? Que cara tem essa felicidade que você tá esperando sentir? Será que na verdade ela já aconteceu e você simplesmente não viu? Não viu porque você estava muito ocupado tentando prever os próximos passos e tudo que podia dar errado, dando atenção para todos os seus medos que vem quando a gente conquista uma coisa grande ou pequena mas uma conquista, aquilo que alimenta a alma, transborda aquele lugar que você infla o peito e se sente tocado de uma forma misteriosa por uma força muito maior do que você? Talvez seja essa a grande questão. Todos os dias escondem vários momentos pra você ser profundamente feliz, só que a gente condiciona. O mal mais irritante da vida moderna é condicionar toda a nossa felicidade num único lugar, como se ela fosse sempre postergada pra próxima vez. Como se você sempre tivesse um momento pra ter medo, pra temer, pra antecipar um passo em falso.
Você passa meses pensando naquela roupa linda que você queria comprar, mas que não dá, não cabe, não dá, não cabe, e daqui a pouco você compra. E aí, em vez de se vestir inteira, de passar maquiagem, de se celebrar na rua, de brindar com a sua roupa nova, você pensa “putz, que merda, vou ter que pagar meu cartão!” “Nossa, meu cartão tá estourado, será que eu devia ter comprado? Não devia.” “Será que quando chegar eu devolvo?” E aí a gente começa a racionalizar, pensar no próximo problema. A gente conquista todos os dias várias coisas das quais a gente orou no passado, pediu para o universo, fez a mandinga, chame do que quiser. Em algum momento você pediu aquilo. “Quero muito poder, todo mês, jantar fora com o meu marido.” Não é jantar fora, tipo, comer um McDonald's, é jantar fora num lugar legal. E agora você janta, mas virou normal, virou corriqueiro, não tem celebração. Não é celebrar o jantar em si, é celebrar que agora você pode se dar esse momento especial à dois! Que felicidade dar esse passo! “Quero muito me organizar financeiramente pra fazer uma aula de bateria.” Você conseguiu? Comemora! Abre a cerveja e brinda que você conseguiu encaixar um hobby na sua agenda, na sua vida financeira. Não é só ir pra aula de bateria, é ir pra aula de bateria sentindo transbordar da sua capacidade de ter conquistado uma coisa que você quis muito. Isso é uma dose de felicidade aí disponível! Estar toda vez nessa aula é um convite pra transbordar realização, felicidade, sucesso. Sem minar nossa cabeça com pensamentos intrusivos como “Ah, mas mês que vem eu não sei se eu vou conseguir fazer, eu não sei se eu vou conseguir pagar.” ou “Eu não quero gostar tanto, porque vai que se eu gostar muito, vai ser tirado de mim.”
“Happiness is not something you postpone for the future; it is something you design for the present” Jim Rohn
Já parou pra pensar no tanto de passo que a gente coloca antes de chegar na felicidade? E aí quando a gente chega lá, parece que não existe mais força pra usufruir. E não é só força, falta força, falta fé, falta tanta coisa. E eu me pergunto, por quê? Por que a gente tá acometido por essa doença? Por que a gente não infla o pulmão e abraça que chegou lá. É o medo de perder, de ser tirado de você? É o medo do que vem depois? Tá, tudo isso vai existir, tudo isso continua existindo todos os dias, independente se você vai se permitir sentir a felicidade ou não. Se você comprou o seu primeiro carro, fez ali aquele investimento, tirou o carro da concessionária, sentiu aquela independência pra ir e vir, sem transporte público, no seu tempo e na sua hora: você vai comemorar ou você vai só temer as parcelas? Você vai pensar apenas nos gastos da gasolina, do IPVA, seguro? Não, pera aí, mas o seguro não vai pra lugar nenhum, você vai ter que pagar. A gasolina você vai ter que pagar, senão o seu carro não vai andar. Então se todas essas coisas vão acontecer, independente de você pausar e sentir felicidade, porque permitir que elas tenham um peso desse tamanho? Por quê você insiste em deixar que os atropelos mentais que você incutiu aí nessa jornada, te paralisem? Toda vez que você entrar no seu carro, você merece colocar aquela música que muda o seu humor, cabelos ao vento, dar carona pra aquela amiga que ainda não fez a mesma conquista. O duro é que, mesmo que racionalmente faça sentido, no dia a dia a gente não entende. Tem muitos motivos que levam a nossa mente por esse caminho.
O primeiro deles é que essa vida moderna, contemporânea, rápida, cosmopolita e extremamente capitalista, deixou uma coisa gravada dentro da nossa cabeça: compre mais pra ser mais. Viramos extremamente materialistas! E quando eu falo nós, eu me incluo nisso, tá? Eu e você somos pessoas materialistas. O capitalismo tá o tempo inteiro te falando que você precisa de mais coisa. Aquela roupa que você cobiçou por semanas, meses e que agora você comprou, ela precisa de um sapato, ela precisa de uma maquiagem, ela precisa de uma finalização de cabelo que depende de um creme custo 300 reais. Entende? Você comprou essa ideia, você tá vendido por essa ideia. Todos nós somos assim. “Ah, mas eu não ligo tanto pra dinheiro.” Tudo bem, eu também não ligo. Eu também penso que eu queria muito viajar, que eu queria usufruir do meu dinheiro de outras formas, sem acumular coisas, mas quando eu vejo, eu tô lá, querendo uma saia nova pra jogar tênis. Eu tenho uma, mas eu queria ter duas. Eu lembro de quando eu não tinha nada, e eu jogava tênis de shortinho de academia. Pra quê ter duas? É um lugar complexo porque, óbvio, a gente tem que se dar o direito de trabalhar muito, de suar pra caramba e de comprar as coisas que a gente quer, mas, ao mesmo tempo, a gente tem que lembrar que a felicidade, ela não está condicionada no fato de que você comprou ou não comprou alguma coisa.
A felicidade não é um lugar de chegada. Essa é a segunda coisa que a gente se impôs nessa vida moderna. A gente coloca na cabeça que precisa existir um objetivo específico, que apenas quando a gente chegar nesse objetivo vamos ser felizes. E pra cada pessoa isso se desdobra de uma forma. Então, por exemplo, eu tenho um amigo que condicionou a própria felicidade ao emagrecimento. Ele não vai viajar, ele não vai curtir a praia com os amigos, com a namorada, ele não vai comprar a roupa que ele tanto queria, porque depois que ele emagrecer aquela roupa não vai caber. Só que aí, quando é que ele vai emagrecer? Porque emagrecer é um processo, você não acorda amanhã com menos 20 quilos. É um processo longo, demorado. Vai ter dia que você vai cair, vai ter dia que você vai levantar, vai ter dia que você vai se sabotar. Ou seja, o seu objetivo de felicidade, lá na frente, por si só, já é difícil, já tá condicionado e é complexo em várias etapas. Ou seja, tá muito difícil chegar na felicidade que você criou. Não existe felicidade no presente, não tem um tempo presente que te realize. Só tem um tempo futuro. Por que diabos você não pode ser feliz hoje mesmo estando acima do seu peso ideal? Mesmo não tendo comprado aquele carro? Mesmo não tendo viajado pro mesmo lugar que a galera viajou?
A outra coisa é: a nossa felicidade está movida pela comparação. A gente não sabe mais o que faz a gente feliz. Queremos buscar a felicidade do outro. O meu amigo e a minha amiga, aquele casal que eu acho muito legal, viajaram para o lugar X e foi o máximo. Eles estavam tão felizes e foi tudo! Pronto: agora pra eu ser feliz com meu marido, com meu namorado, eu tenho que fazer a viagem X. E eu sei que toda vez que eu escrevo esses absurdos você torce o nariz e revira o olho. Pensa “eu não sou desse jeito.” Todo mundo é desse jeito! Todo mundo, em algum nível, condicionou a própria felicidade baseado no que fez outras pessoas felizes. Porque se o fulano foi feliz fazendo esse esporte, eu vou tentar. Se a fulana foi feliz largando o emprego e fazendo não sei o que, deve ser a receita que funciona pra mim. Só que a sua felicidade ela é uma receita única, exclusiva, individual e intransferível. Ela é só sua. Ela não cabe em ninguém mais. Ser inspirado pela movimentação alheia é diferente de acreditar que ela é o seu caminho pra felicidade. Eu também sou uma pessoa que quero a felicidade da mesma forma que você, mas o meu caminho não vai ser o seu. O meu caminho vai ser só meu, e o seu vai ser só seu.
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Das coisas que mais me fizeram feliz nessa semana: conseguir dedicar tempo pra estudar com os meninos, fazer receitas que eles amam, receber um banho de banheira no meio do caos, arrumar minha casa nova, descobrir um pé de limão, fotografar pratos coloridos.
Tem uma última coisa que a gente precisa considerar: a felicidade que me cabe, ela precisa existir dentro da minha capacidade, da minha oportunidade, das possibilidades que existem na minha vida. Graças às redes sociais, à globalização, ao mundo rápido e digital, temos acesso ao mundo de pessoas milionárias, celebridades, casas absurdas, carros incríveis, looks bizarros de lindos, bolsas de grife de seis dígitos, procedimentos estéticos. A gente tem na mão uma quantidade de informação absurda, só que nada disso me cabe, eu, Thamires. Eu não vou ter uma casa com sete quartos, oito banheiros e piscina olímpica. Não vou ter uma Ferrari, uma Lamborghini. Então não adianta eu continuar consumindo esse conteúdo, acessando esse conteúdo, e tentando projetar ele de alguma forma na minha vida. Isso faz eu me sentir cada dia mais distante da minha própria realidade de felicidade. Eu não vou ficar feliz comprando uma Prada. Eu não tenho 20 mil pra dar numa bolsa e jamais comprometeria minha vida financeira pra isso. Onde cabe a minha felicidade? Qual é o nível de possibilidades que me cerca? Porque se eu ficar o tempo inteiro correndo atrás daquilo que não cabe na minha vida, vou me cansar e desistir. Vou seguir meus dias resignada “a vida que me resta”como se ela não fosse maravilhosa! Não tô dizendo que a gente não pode sonhar! Pelo amor de Deus, a gente merece sonhar, a gente merece mais, a gente sabe que existem caminhos, a cada dia damos passos largos pra qualidade de vida melhor, grandes conquistas e mudanças de realidade incríveis, mas tem coisa que não dá. A não ser que eu ganhe na megasena, eu vou continuar na minha realidade. Pra que que eu vou continuar consumindo, projetando, e fazendo esse furdúncio comigo mesma? Qual que é a tendência? É eu não conseguir perceber a felicidade, quando ela estiver na minha cara. Esquece o papo de coach que você precisa conviver com gente rica, sonhar alto, fazer mapa dos sonhos com fotos de coisas caras que você não pode ter, projetar pra cima pra mirar em baixo. Não existe escassez em quem olha pra própria realidade com sangue no olho pra fazer cada dia mais, mas sem ser um iludido. É assim que a gente se confunde! Ninguém ta falando pra aceitar pouco da vida, apenas pra parar de alimentar realidades tão distantes que te fazem olhar pra própria vida como se ela fosse pequena. Ela não é!
Te convido a pensar: quando foi que a felicidade te visitou hoje, ontem, na última semana? E você não percebeu, e você não abraçou ela, e você não usufruiu desse momento pra parar um pouco e celebrar. Tu pode ser mais feliz todo dia, mas você tem que estar aberto e estar com vontade e ir atrás disso. Senão não vai adiantar nada. Eu desejo que você olhe para a sua vida, repare ao redor e perceba que tem muita coisa hoje, que você pediu muito pro universo, pra Deus, pros seus orixás. Você pediu um grande amor, uma melhor amiga parceira, mesa farta, aquela universidade que você queria ingressar, poder rever seus pais saudáveis na próxima visita. Tanta coisa que você tem hoje é fruto de um desejo do passado, porque não celebrar? Se permitir ser feliz no hoje.
Mas nada aqui é pra ser levado a sério né? Tudo não passa de um devaneio.
Beijos, vamos ser felizes hoje? Até semana que vem!
Um abraço e um tapa na cara ao mesmo tempo hahaha
Obrigado por esse texto. Foi uma das melhores coisas que li em muito tempo.
Perfeito como sempre! É lógico um belo acorda pra vida meninaaaa