Se na sua bolha esse hype ainda não aconteceu eu te adianto em primeira mão: ter fé e partilhar dela virou a nova moda entre os millennials e eu acho isso demais! Sou zero de modismos, porque tô sempre afundada nas minhas pequenas obsessões cotidianas. Não compro o sapato do momento e nem o skincare da vez, e em se tratando da nova trend posso afirmar com orgulho: eu já falava de Deus antes de ser bacana. Hahaha Calma que vou te contar do novo fenômeno mas ja aproveito pra te perguntar:
Antes que você leia esse devaneio te peço com carinho e delicadeza: abandone aqui todo e qualquer preconceito. Vou falar de fé, não de religião. Substitua a palavra deus pela sua palavra: Oxalá, Buda, Alá, Mawa, Krishna… Se você é ateu, trago estudos científicos sobre o efeito da fé no corpo, pela ciência, não pra te converter em nada. Escrevo de um lugar de curiosidade e não de julgamento, mas sou sim movida pela fé, e falar em Deus pra mim é como falar de respirar.
Eu fui criada no espiritismo, frequentei o centro desde menina, fiz evangelização - a versão da catequese espírita - e minha mãe conduzia cultos em casa toda semana. Gostei muito de crescer nessa religião, mas na adolescência entendi que o mundo era visto de formas diferentes por cada um de nós. Quando meu caçula nasceu, precisei de doses intensas de fé, porque ser mãe solteira aos vinte e dois é de abalar qualquer ser humano. Frequentei então por dois anos a igreja católica, quis ir à missa sentir como era habitar a casa de Deus de novo. Fui de uma pessoa que nada sabia, pra uma que sabia cada momento da eucaristia. Todo domingo, durante a consagração de Nossa Senhora, meu olhos transbordavam um choro com gotas de crocodilo. Ali com o Benjamin nos braços, estar diante da Mãe de todos, ouvindo todos juntos, era muita emoção pra mim. Eu sou sensível dede que me lembro de ser gente, choro diariamente. semque ninguém perceba, seja um filme, uma fala. Quando falo de amor ou vejo amor, choro. Quando te escrevo essa newsletter marejo. Chorar diante dos sentimentos do mundo é a minha prática secreta desde menina. A cada quatro anos, quando nosso time joga na Copa, eu marejo com vergonha durante o Hino Nacional. Onde eu estiver e a voz uníssona das pessoas ecoar alto, meu coração sentirá uma avalanche, porque é lindo ver pessoas unidas, celebrando juntas, reverberando emoção lado a lado. Com o passar dos anos decidi levar os meninos na igreja evangélica, porque acho especial demais como eles ensinam com amor a história de Jesus Cristo. Poucas religiões olham tanto pros pequenos como eles. Eis que nos últimos tempos teve muita vela e muita limpeza na nossa casa, banho de ervas, terreiro e muita reza. Usei uma guia pra Oxalá por meses quando precisei de apoio pra atravessar tanta onda grande. Ao invés de me deixar ser engolida pelo mar, achei na Umbanda um lugar pra descansar e acreditar. Tive a sorte de conhecer o lado religioso das matrizes africanas. No final das contas entendi há muitos anos que pouco importa o canal: eu vim nessa vida pela fé. E aonde ela me levar eu vou, sem perguntar porquê.
Nos dedos carrego tatuada essa palavra como um lembrete. Em casa a oração acontece diariamente antes de dormir. Me orgulho profundamente ao ouvir as vozes dos meninos que pedem proteção pra quem nada tem. Se existe um legado pra minha vida, será esse aqui. A vela branca é acesa às segundas e falar com Deus é comum. Igual uma tia velha, sempre que vou embora falo pras amigas “vai com Deus”, quando meu conselho é solicitado, ele acaba acompanhado de um “faz uma oração”, “toma um banho e pede pra água levar” ou dou uma vela de presente pra acender em casa. Eu sou movida à fé, nunca entendi o porquê mas nunca pensei demais a respeito. Falo sem nenhuma vergonha que Deus conversa comigo, recebo os seus recados, passo adiante quando necessário, mas sou uma mulher que caminha ao lado de Deus, sem nenhum apego à nenhuma religião. Falo isso tranquilamente agora, mas já atravessei anos de vergonha, porque isso nunca tá em pauta. Em nenhuma conversa as pessoas inserem Deus, crenças, hábitos de fé, será vergonha também? Pode ser o extremismo religioso frequente, quando falamos de religião? Pode. Podem ser as inúmeras seitas violentas mascaradas em igrejas que vimos nos últimos anos? Eu acho que sim. Podem ser os escândalos envolvendo pastores, padres, líderes religiosos? Também. Pode ser o fato de que nunca precisamos tanto da ciência e as pessoas insistem em colocar ela do lado oposto ao da fé? Com certeza, mas não me parece só isso.
Não é de agora que a ciência reconheceu a fé como uma aliada no desenvolvimento humano: existem estudos de como biologicamente somos modificados por acreditarmos em algo maior que nós. Pessoas devotas vivem mais e são mais felizes, se recuperam com maior facilidade de doenças e cirurgias, sabe porque? Comportamento. Os crentes, como chamamos aqueles que acreditam, andam “mais na linha” porque tem mais auto controle: “a fé facilita a árdua tarefa de adiar recompensas”. A leitura de mundo que acredita que existam forças inexplicáveis, maiores que os nossos planos, transformam a nossa mente em otimistas, porque tudo pode acontecer. Quando sem fé, o mundo se transforma em algo racional, com uma tendência ao pessimismo e ao individualismo. Um grande ponto das religiões de forma geral, é o senso de comunidade, de pertencimento. Você passa a atravessar as amarguras da vida acompanhado de outras pessoas pra compartilhar os fardos, mesmo que seja apenas na palavra. Pessoas que irão te lembrar que tudo podemos, diante do divino, e isso cria esperança no futuro, quando a gente mais precisa. Isso é tão profundo e verdadeiro, que um geneticista americano estudou e achou o “gene de Deus”, como ele mesmo batizou. “Batizado de VMAT2, trata-se de um conjunto de genes que ativam substâncias químicas que dão significado às nossas experiências. Eles atuam no cérebro regulando a ação dos neurotransmissores dopamina, ligada ao humor, e serotonina, relacionada ao prazer. Durante a meditação, por exemplo, esses neurotransmissores alteram o estado de consciência. Somos programados geneticamente para ter experiências místicas. Elas levam as pessoas para algo novo, ouvem Deus falar com elas”.
Será que esse entendimento do bom comportamento, do senso de pertencimento e da melhora na qualidade de vida, dá pra explicar o maior fenômeno atual da internet, quando falamos de Deus? O podcast e best seller Café com Deus é um sucesso absoluto e isso me deu um nó na cabeça por semanas, porque de repente, todo mundo estava falando de Deus. Pessoas que nunca lançaram ele na conversa, que nunca partilharam hábitos de fé, que não o mencionavam em nenhum momento. Que quando questionadas sobre o assunto, desviavam pra não serem julgadas e canceladas. Porque foi preciso uma movimentação coletiva pra que, falar de Deus fosse absolutamente normal? Lançado em Agosto do ano passado, esse livro ja vendeu 1.2 milhões de cópias, e é postado diariamente nas redes sociais por milhares de pessoas. Onde quer que você olhe, alguém está com o devocional do dia na mão ou nos ouvidos via podcast. Vamos se ater essa palavra: devocional! As pessoas agora usam terminologias de religiões sem medo, que falam de devoção, devoção à Deus. E não se confunda, apesar do termo de cunho evangélico, ele é amplamente usado por todo mundo na internet sem nenhum peso de religião. Agora o bom dia das influenciadoras é o podcast homônimo ao livro, do pastor Junior Rostirola, onde ele compartilha uma passagem bíblica pra você acordar e ouvir enquanto faz o seu café, um gênio do marketing inclusive. Segundo ele, são “porções diárias de renovação” e isso explica muita coisa. Viralizado após inúmeros influenciadores compartilharem o livro, a crescente deixa de ser um espanto quando penso nos desafios que cada uma de nós atravessa todos os dias e de como a fé é um caminho pra respirar mais profundamente diante do todo. A dose homeopática diária pra te lembrar que o divino pode intervir, que outros caminhos podem existir e que tudo que você nem imagina de bom pode acontecer.
Diante de tantos escândalos religiosos, acho importante lembrar que ter fé é diferente de seguir uma religião. A igreja, o centro, o terreiro, o retiro, são apenas formas de se explorar a fé, mas ela independe de qualquer espaço físico ou figura de liderança. Também independe da grande crença que é Deus, porque fé tem formas diferentes de existir, e Deus tem muitos e muitos nomes, mas é inegável a força que tem o cultivo dessa esperança, esse otimismo sutil, essa vontade de deixar o rio seguir seu curso, tem na nossa vida. Segundo os cientistas, é possível provar dos benefícios similares aos da fé no seu corpo, apenas por fazer as coisas que te fazem bem. Segundo o psicólogo Elisha Goldstein, você pode cultivar momentos sagrados no seu dia! Consiste em mentalizar com objetos que tenham significado pra você por cinco minutos ao dia. No final das contas, o que importa é como você se coloca no mundo e nessa conexão com você mesmo e com o mundo. A ascensão das práticas da fé, seja através da leitura de um livro, de um podcast, da missa, de um mergulho na cachoeira faz parte do pack de sobrevivência do adulto moderno que tá cansado e precisa ser lembrado que existe mais da vida que apenas as durezas. O hype de entrar em contato com acreditar na força daquilo que precisa acontecer é potente e transformador, e eu particularmente acho essa a moda mais legal dos últimos tempos. Aprender a se entregar às dificuldades e deixar que o tempo, ou Deus, faça o seu papel de intervir e modificar. Saber que fazer a nossa parte, diariamente, é todo o controle que temos, porque ao universo pertence o resto. Se unir às pessoas pela esperança na vida, na prosperidade, na superação. Entender que a única coisa que temos controle é como reagimos às dores e alegrias, é a melhora diária, é a busca pela sua melhor versão nessa vida de hoje.
Ao contrário da bolsa desfilada na Paris Fashion Week pela sua grife favorita, absolutamente inacessível e fora da realidade de todos: a nova moda é de graça, democrática e positiva. Você não precisa do livro, do podcast, da vela. Você pode incluir no momento do skincare hoje mesmo, dois minutos pra inflar o peito, inspirar e expirar, agradecer à vida, reconhecer suas bençãos, depositar no silêncio do mundo a sua confiança de que as fases ruins uma hora acabam, o vento muda a direção num piscar e em breve você vai atravessar. Por um minuto do seu dia, vale olhar pela janela e reconhecer a imensidão da natureza, infinitamente perfeita e maior que você. Quando a gente não tem mais com quem contar, o invisível é capaz de te segurar por quilômetros até a praia chegar, basta acreditar.
Mas nada aqui é pra ser levado a sério né? Tudo não passa de um devaneio.
Beijos, que a fé se renove aí também. Até segunda!
Te indico de olhos e ouvidos bem abertos
Curiosos por Natureza
Eu que sou uma criativa entediada, tô sempre atenta aos novos cursos e modalidades de clubes e aulas que posso fazer pra explorar diferentes habilidades. Conheci a Maibe anos atrás quando fui fotografar um curso que ela deu e nos apaixonamos. De lá pra cá já tem seis ou sete anos que eu faço fotos pra pesquisa dela que é em tingimento natural. Se você não sabe nada sobre, basicamente ela ensina a criar tintas com ingredientes naturais que temos como flores, cascas e outros tantos. E isso serve pra fazer giz de cera, tinta, pigmento pra roupas e um mundo de possibilidades. Ela desenvolveu um clube mensal maravilhoso que você precisa conhecer! Vou deixar o link aqui se você também for um curioso por natureza!